Quando a internet chegou, começou com uma série de inovações tecnológicas, como a capacidade de permitir que os computadores se comunicassem a grandes distâncias ou a capacidade de hiperlink de uma página da web para outra. Esses recursos técnicos foram os blocos de construção que foram usados para criar as estruturas abstratas pelas quais conhecemos a Internet: sites, aplicativos, redes sociais e tudo o mais que depende desses elementos centrais.

E isso sem falar na convergência das inovações de interface que não fazem parte estritamente da internet, mas ainda são necessárias para fazê-la funcionar, como telas, teclados, mouses e telas sensíveis ao toque.

Com o metaverso, existem alguns novos blocos de construção, como a capacidade de hospedar centenas de pessoas em uma única instância de um servidor (idealmente, versões futuras de um metaverso serão capazes de lidar com milhares ou até milhões de pessoas ao mesmo tempo), ou ferramentas de rastreamento de movimento que podem distinguir onde uma pessoa está olhando ou onde estão suas mãos. Essas novas tecnologias podem ser muito empolgantes e parecem futuristas.

No entanto, existem limitações que podem ser impossíveis de superar. Quando empresas de tecnologia como Microsoft ou Fa-Meta mostram vídeos fictícios de suas visões do futuro, elas frequentemente tendem a encobrir exatamente como as pessoas irão interagir com o metaverso. Os fones de ouvido VR ainda são muito desajeitados, e a maioria das pessoas sente enjoo ou dor física se os usar por muito tempo.

Os óculos de realidade aumentada enfrentam um problema semelhante, além da questão não insignificante de descobrir como as pessoas podem usá-los em público sem parecerem grandes idiotas.

Então, como as empresas de tecnologia mostram a ideia de sua tecnologia sem mostrar a realidade de fones de ouvido volumosos e óculos idiotas? Até agora, sua principal solução parece ser simplesmente fabricar tecnologia a partir de um tecido inteiro. A mulher holográfica da apresentação de Meta? Eu odeio quebrar a ilusão, mas simplesmente não é possível mesmo com versões muito avançadas da tecnologia existente.

Ao contrário dos avatares digitais rastreados por movimento, que são meio esquisitos agora, mas podem ser melhores algum dia, não há uma versão esquisita de fazer uma imagem tridimensional aparecer no ar sem circunstâncias rigidamente controladas. Não importa o que o Homem de Ferro lhe diga.

Talvez eles devam ser interpretados como imagens projetadas por meio de óculos – afinal, ambas as mulheres no vídeo de demonstração estão usando óculos semelhantes – mas mesmo isso pressupõe muito sobre as capacidades físicas dos óculos compactos, o que se pode dizer que não é um problema simples de resolver.

Esse tipo de ocultação da realidade está frequentemente presente em demonstrações em vídeo de como o metaverso poderia funcionar. Outra das demos do Meta mostrou personagens flutuando no espaço – essa pessoa está presa a uma plataforma aérea imersiva ou está apenas sentada em uma mesa?

Uma pessoa representada por um holograma – essa pessoa tem um fone de ouvido e, em caso afirmativo, como seu rosto está sendo escaneado? E em alguns pontos, uma pessoa pega itens virtuais, mas depois segura esses objetos no que parece ser suas mãos físicas.

Esta demonstração levanta muito mais perguntas do que respostas.

Em algum nível, isso é bom. Microsoft, Meta e todas as outras empresas que mostram demos selvagens como essas estão tentando dar uma impressão artística do que o futuro poderia ser, não necessariamente levando em conta todas as questões técnicas.

É uma tradição consagrada pelo tempo que remonta à demonstração da AT&T de um telefone dobrável controlado por voz que poderia magicamente apagar pessoas de imagens e gerar modelos 3D, o que poderia parecer igualmente impossível na época.

No entanto, esse tipo de demo de pensamento positivo como tecnologia nos deixa em um lugar onde é difícil identificar quais aspectos das várias visões do metaverso serão realmente reais um dia. Se os fones de ouvido VR e AR se tornarem confortáveis e baratos o suficiente para as pessoas usarem diariamente – um “se” substancial – então talvez a ideia de um jogo de pôquer virtual onde seus amigos sejam robôs e hologramas e flutuando no espaço possa estar um pouco próximo de realidade. Caso contrário, você sempre pode jogar o Tabletop Simulator em uma chamada de vídeo do Discord.

A ostentação de VR e AR também obscurece os aspectos mais mundanos do metaverso que podem ser mais propensos a se concretizar. Seria trivialmente fácil para as empresas de tecnologia inventar, digamos, um padrão de avatar digital aberto, um tipo de arquivo que inclui características que você pode inserir em um criador de personagem – como cor dos olhos, penteado ou opções de roupas – e permitir que você o leve a qualquer lugar. Não há necessidade de construir um headset VR mais confortável para isso.

Mas isso não é tão divertido de imaginar.